segunda-feira, 16 de junho de 2008

Mia Couto lança "Venenos de Deus, Remédios do Diabo"

O moçambicano Mia Couto é hoje o mais pop dos escritores africanos de língua portuguesa. Já recebeu inúmeros prêmios ao longo da carreira, é dos mais lidos escritores do velho continente e sua fortuna crítica conta com centenas de textos, entre dissertações, teses, ensaios, resenhas, monografias, etc . No "embalo" [2 anos e um mês] de O outro pé da sereia ¹, Mia lança seus Venenos de Deus, Remédios do Diabo, livro que não foge aos temas que já são marca do autor: a busca pela identidade, a valorização da oralidade, o humor não raras vezes ácido e a dissipação das fronteiras entre o real e o onírico. Já comprei meu exemplar, que agora é parte da única obra "completa" que tenho de um escritor vivo. Minto. Tenho a do Ferreira Gullar também, mas isso já é outro papo.

Editora: Companhia das Letras
Páginas: 192
Formato: 14,00 x 21,00 cm
Peso: 0,253 kg
Acabamento: Brochura
Lançamento: 11/06/2008
ISBN: 9788535912562
Preço: R$ 38,00


Bartolomeu Sozinho é um velho mecânico naval moçambicano, aposentado do trabalho, mas não dos sonhos ardentes e dos pesadelos ressentidos que elabora em seu escuro quarto de doente terminal. Ele é atendido em domicílio por Sidónio Rosa, médico português.
A narrativa entrelaça a vida de Bartolomeu, de sua rancorosa mulher, Munda, da ausente e quase mitológica Deolinda, filha do casal, do dedicado Doutor "Sidonho", bem como de Suacelência, o suarento e corrupto administrador de Vila Cacimba, um lugarejo imerso em poeira e cacimbas (neblinas) enganadoras. São vidas feitas de mentiras e ilusões que tornam difícil diferenciar o sonho da realidade.
Aparentemente, Sidónio veio de Lisboa para curar a vila de uma epidemia. Mas é o amor pela desaparecida Deolinda, por quem se apaixonara em Lisboa, que impulsiona seus passos mais íntimos. Quando Deolinda voltou para sua terra natal, Sidónio viu-se teleguiado pelo sonho de reencontrá-la. Mas Vila Cacimba não é o lugar do médico, nem poderá ser jamais. "No fundo, o português não era uma pessoa. Ele era uma raça que caminhava, solitária, nos atalhos de uma vila africana", diz o engenhoso narrador deste belo romance.


+ + + notas + + +

¹ o romance anterior, lançado por aqui em 23/05/2006.

1 comentários:

Christiani disse...

Ó... que legal! Te adicionei nos meus links! beijo